CANCÊR DE CABEÇA E PESCOÇO

Atuação Fonoaudiológica no Câncer de cabeça e Pescoço

"O câncer é um grupo de doenças caracterizado pelo crescimento anormal das células por agentes internos ou externos. é uma das doenças mais imprevisíveis e temidas, geralmente associado à morte lenta e dolorosa, que pode acarretar ansiedade intensa e traumas psicológicos profundos.
O câncer de cabeça e pescoço engloba o câncer de lábio, cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua e assoalho), orofaringe (amígdalas, palato mole e base de língua), nasofaringe, hopifaringe, fossas nasais, seios paranasais, laringe, glândulas salivares e glândula tireóide.
Uma das primeiras áreas de atuação da fonoaudiologia no câncer de cabeça e pescoço foi o atendimento a pacientes que apresentam tumores na laringe, que são submetidos à laringectomia total. Todavia com o passar do tempo, a fonoaudiologia começou a reabilitar também os pacientes submetidos às laringectomias parciais e às ressecções de cavidade oral e orofaringe."


"Os tumores da Laringe com diagnóstico precoce podem ser tratados com a radioterapia como tratamento exclusivo, que pode também acarretar alterações vocais e da deglutição, geralmente discretas, em virtude das sequelas de fibrose e xerostomia.

Para as sequelas vocais orientamos o paciente pré-tratamento quanto as possíveis reações agudas da radioterapia, com possibilidade de disfonia e afonia, com melhora após o término do tratamento. Além disso, oreintamos a hidroterapia, cerca de 8 a 12 copos de água diários. Após o término do tratamento, realizamos fonoterapia geralmente breve, com técnicas que estimulem principalmente a vibração das pregas vocais.
Com relação à deglutição, o paciente pode evoluir com disfagia e odinofagia na fase aguda, com melhora gradual após o término do tratamento. A fibrose decorrente do tratamento pode reduzir a elevação laringea, ocasionando estase em recessos faríngeos, que geralmente, por si só, não compromete a efetividade da deglutição. Em casos em que há disfagia tardia, a reabilitação da deglutição, com abordagens indiretas (principalmente a estimulação da elevação laríngea) e direta (posturas e manobras de proteção) costuma ser bastante eficaz."




LARINGECTOMIAS PARCIAIS 
acessado ás 01:17 dia 31/10/2010
As Laringectomias Parciais podem ser divididas em dois grupos: verticais (cordectomias, laringectomias frontais, frontolaterais ou hemilaringectomias) e horizontais (laringectomia supraglótica).
As ressecções cirúrgicas podem afetar todas as funções básicas da laringe - respiração, deglutição e fonação. De maneira bastante simplista, podemos dizer que as ressecções verticais podem afetar a função fonatória, e as laringectomias horizontais afetam prioritariamente a função de deglutição.
Laringectomia Parcial Vertical 
As laringectomias parciais verticais são indicadas para tumores glóticos -T1, T2 ou T3 -, e o limite máximo de ressecção dependerá do estabelecimento de margens livres e, principalmente, da possibilidade de se reconstruir a laringe residual, mantendo as funções respiratória e esfincteriana (BILLER & SOM, 1977).
Os indivíduos submetidos à laringectomia parcial vertical geralmente não apresentam aspiração broncopulmonar, chegando à fonoterapia já sem sonda nasogástrica e sem traqueostomia. Em alguns casos observa-se a presença de disfagia temporária no pós-operatório recente, que responde muiot bem as técnicas de maximização de função esfinctérica laríngea associada às manobras de deglutição.
Laringectomia Horizontal Supraglótica        

As laringectomias parciais horizontais supraglóticas são cirurgias que envolvem a remoção de região imediatamente acima das pregas vocais, das pregas vestibulares à epiglote (superfície anterior ou posterior), prega ariepiglótica ou preas vestibulares. Nesse tipo de cirurgia há remoção da epiglote e pregas ariepiglóticas e vestibulares; estruturas importantes na proteção das vias áereas; restando as pregas vocais e eventualmente o contato de língua com faringe, como únicos mecanismos protetores à deglutição. 
A atuação fonoaudiológica junto a esses pacientes inicialmente se concentrou na avaliação clínica e conseqüente reabilitação, com enfoque terapêutico objetivando o reestabelecimento de uma deglutição funcional, por meio da maximização das estruturas remanescentes, geralmente pregas vocais. 
Laringectomia Horizontal Supraglótica Ampliada
Nas laringectomias supraglóticas com ressecções de base de língua, além da perda dos esfíncteres laríngeos superiores, soma-se a perda do auxílio da função protetora da língua em seu movimento ântero-posterior contra a laringe. Neste caso o alimento tende a cair direto na via aérea, mesmo quando a laringe movimenta-se para cima, para evitar as aspirações. Os pacientes podem demonstrar estase em topografia de valécula e em esfíncter esofágico superior com penetração e aspiração discreta após a deglutição (BRANDÃO et al., 1998). Nos casos em que há lesão do nervo laríngeo superior e conseqüente perda da sensibilidade da laringe, o prognóstico é pior, em virtude da inconsciência da aspiração.

LARINGECTOMIA TOTAL
imagem retirada do site: http://grala.com.br/textos/primeirossocorros.htm
 acesso em 20/11/2010 às 18:26
Inicialmente o enfoque fonoaudiológico era totalmente concentrado na aquisição e aprimoramento da voz esofágica, e, em casos especificos, na adaptação da eletrofaringe. Sabendo-se que muitos são os fatores que podem interferir negativamente na aquisição da voz esofágica - fatores físicos, emocionais, sociais, ocupacionais e de treinamento (SALMON & MOUNT, 1991), que as taxas de sucesso da voz esofágica são baixas, cerca de 40% de bons falantes (BLOM, SINGER & HAMAKER, 1985), e que a opção da eletrofaringe nem sempre é bem aceita pelo paciente, principalmente em virtude do som mecânico, dificuldades técnicas e custo, diferentes serviços de cirurgia de cabeça e pescoço, baseado nos bons resultados encontrados com as novas próteses fonatórias, iniciaram a colocação destas, a principio em casos selecionados.  Os resultados demonstraram ser essa uma boa possibilidade de comunicação oral, tanto para pacientes que não conseguem desenvolver a voz esofágica (colocação secundária), como também enquanto primeira opção para pacientes que, por algum motivo, não podem se submeter à reabilitação fonoaudiológica tradicional.
A fonoaudiologia participou ativamente dessa nova proposição, a principio num caráter de observação e aprendizado, e atualmente com seu papel claramente definido, podendo estender-se desde a avaliação para a seleção dos pacientes, orientações pré e pós-operatórias, reabilitação, até nas discussões em equipe de casos de insucesso na aquisição e/ou desenvolvimento da voz, participando de avaliações videofluoroscópicas e/ou testes de insuflação do segmento faringoesofágico.
Atuação Fonoaudiológica no Câncer de Cabeça e Pescoço, 2003 in: Angeles, Elizabete C. Barros, Ana Paula B. Furia, Cristina Lemos B. Martins, Nívea Maria da S. Fonoaudiologia Hospitalar, in: Oliveira, Silvia Tavares de. São Paulo: Lovise, 2003


SAIBA MAIS - VÁLVULA FONATÓRIA PARA TRAQUEOTOMIA: UMA PROPOSTA BRASILEIRA



COMPORTAMENTO DOS MÚSCULOS CERVICAIS EM  


ANÁLISE DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 
RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE VIDA E AUTO-PERCEPÇÃO 



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